quarta-feira, 17 de outubro de 2012




COMENTÁRIO DO FILME

FREUD – ALÉM DA ALMA


“Além da alma”, ou além da consciência, como pode ser definida a busca incansável de Sigmund Freud pela compreensão dos mistérios da mente. Como no inicio do filme Freud garante seu lugar, ao lado de Copérnico – Heliocentrismo e Darwin – evolucionismo nos ‘ 3 grandes golpes” contra a vaidade e visão humana da realidade, com os seus estudos sobre a Inconsciência e a ação da mesma na vida de cada individuo.

Retratando a Viena de 1885, a “viagem ao inconsciente”, se consolida com um jovem pesquisador que se interessa por casos de histeria, que era tratada como fingimento ou formas de escape de responsabilidades tanto pessoais como sociais, além de ser associada às mulheres.

Esse jovem pesquisador, Freud, contrariando a ciência e convenções sociais da época, juntamente com Breuer outro pesquisador da histeria, começam a realizar experiências com hipnoses, a qual seria a forma mais direta e rápida se encontrar o inconsciente de um indivíduo. No entanto, a hipnose não consolidaria a cura da histeria e outras psicoses, e sim numa simulação.

Contudo, Freud começa a elaborar uma metodologia diferente, através de uma conversa, aparentemente sem compromisso, porém com o decorrer o paciente vai liberando informações de forma inconsciente, através de atos falhos, por exemplo, que o analista coordena e traça uma analise. Isso foi chamado de associação livre. Isto é percebido no caso Cecily, que Freud assumiu do Dr. Breuer, pois a moça teria feito uma transferência da imagem do pai para o médico. Nisto Freud, começa a elaborar o que mais tarde vai ser chamado de mecanismos de defesa, onde o consciente luta para subjugar o inconsciente.

Em paralelo, Freud também sofre com sonhos e conflitos do se “eu”. E ao avaliar também os sonhos de Cecily, ele passa a considerar a analise dos sonhos como alegorias que transmitem informações do inconsciente, por vezes por meio de charadas, metáforas ou fábulas.

A repressão do “eu” e as emoções nela contidas, podem num momento ser descarregadas de formas equivocadas, as chamadas neuroses ou histerias. Daí a hipótese: Será que essas neuroses possuem raízes na infância?  Freud, em suas analises dos sonhos e das associações livres, supõe que a sexualidade seria um estopim para desencadeamento de traumas e neuroses. Assim, ele constitui as fases de formação da sexualidade e das possíveis fixações que um individuo podem adquirir. Isso fica visível nos sonhos de Cecily com símbolos de formatos fálicos, como a torre, e nos sonhos de Freud, com a pulseira da mãe em forma de cobra. Mas tarde, em exposição de sua teoria, ele denomina essa formação sexual de complexo de Édipo.

Sua teoria causa repulsão em Breuer e mais tarde em todos os demais da sociedade científica, mas Freud afirma que o inconsciente é atemporal e o “mundo tira a inocência das crianças” que, portanto, não há culpados nos crimes e abusos que promovem traumas que desencadeiam neuroses, pois, segundo Freud, a superação do complexo de Édipo é tarefa de cada criança, quando se consegue ela se torna um ser humano “completo”, mas quando não se tem êxito se realiza um neurótico.

No fim do longa metragem, pode se destacar frases que retratam muito bem a busca incessante de Freud pelo saber, como por exemplo: “ (...) de erros em erros chega-se a verdade”, mesmo que essa verdade incomode e crie aversão à sociedade, como na época do Freud ocorreu; e uma outra mensagem, ‘conhece-te a ti mesmo”, que seria o principio da sabedoria, a qual seria a única forma de se vencer a mais antiga inimiga da humanidade, a vaidade.


Michel Sampaio Ferreira








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