COMENTÁRIO DO FILME
FREUD – ALÉM DA ALMA
“Além da alma”, ou além da
consciência, como pode ser definida a busca incansável de Sigmund Freud pela
compreensão dos mistérios da mente. Como no inicio do filme Freud garante seu
lugar, ao lado de Copérnico – Heliocentrismo e Darwin – evolucionismo nos ‘ 3
grandes golpes” contra a vaidade e visão humana da realidade, com os seus
estudos sobre a Inconsciência e a ação da mesma na vida de cada individuo.
Retratando a Viena de 1885, a
“viagem ao inconsciente”, se consolida com um jovem pesquisador que se
interessa por casos de histeria, que era tratada como fingimento ou formas de
escape de responsabilidades tanto pessoais como sociais, além de ser associada
às mulheres.
Esse jovem pesquisador, Freud,
contrariando a ciência e convenções sociais da época, juntamente com Breuer
outro pesquisador da histeria, começam a realizar experiências com hipnoses, a
qual seria a forma mais direta e rápida se encontrar o inconsciente de um
indivíduo. No entanto, a hipnose não consolidaria a cura da histeria e outras
psicoses, e sim numa simulação.
Contudo, Freud começa a elaborar
uma metodologia diferente, através de uma conversa, aparentemente sem
compromisso, porém com o decorrer o paciente vai liberando informações de forma
inconsciente, através de atos falhos, por exemplo, que o analista coordena e
traça uma analise. Isso foi chamado de associação livre. Isto é percebido no
caso Cecily, que Freud assumiu do Dr. Breuer, pois a moça teria feito uma
transferência da imagem do pai para o médico. Nisto Freud, começa a elaborar o
que mais tarde vai ser chamado de mecanismos de defesa, onde o consciente luta
para subjugar o inconsciente.
Em paralelo, Freud também sofre
com sonhos e conflitos do se “eu”. E ao avaliar também os sonhos de Cecily, ele
passa a considerar a analise dos sonhos como alegorias que transmitem
informações do inconsciente, por vezes por meio de charadas, metáforas ou
fábulas.
A repressão do “eu” e as emoções
nela contidas, podem num momento ser descarregadas de formas equivocadas, as
chamadas neuroses ou histerias. Daí a hipótese: Será que essas neuroses possuem
raízes na infância? Freud, em suas
analises dos sonhos e das associações livres, supõe que a sexualidade seria um
estopim para desencadeamento de traumas e neuroses. Assim, ele constitui as
fases de formação da sexualidade e das possíveis fixações que um individuo
podem adquirir. Isso fica visível nos sonhos de Cecily com símbolos de formatos
fálicos, como a torre, e nos sonhos de Freud, com a pulseira da mãe em forma de
cobra. Mas tarde, em exposição de sua teoria, ele denomina essa formação sexual
de complexo de Édipo.
Sua teoria causa repulsão em
Breuer e mais tarde em todos os demais da sociedade científica, mas Freud
afirma que o inconsciente é atemporal e o “mundo tira a inocência das crianças”
que, portanto, não há culpados nos crimes e abusos que promovem traumas que desencadeiam
neuroses, pois, segundo Freud, a superação do complexo de Édipo é tarefa de
cada criança, quando se consegue ela se torna um ser humano “completo”, mas
quando não se tem êxito se realiza um neurótico.
No fim do longa metragem, pode se
destacar frases que retratam muito bem a busca incessante de Freud pelo saber,
como por exemplo: “ (...) de erros em erros chega-se a verdade”, mesmo que essa
verdade incomode e crie aversão à sociedade, como na época do Freud ocorreu; e
uma outra mensagem, ‘conhece-te a ti mesmo”, que seria o principio da
sabedoria, a qual seria a única forma de se vencer a mais antiga inimiga da
humanidade, a vaidade.
Michel Sampaio Ferreira
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